Saiba como cultivar ervas finas em casa

As hortas verticais são uma opção prática e bonita para quem tem espaços reduzidos

Reprodução

Como se não bastasse dar sabor aos alimentos e contribuir com a saúde, as ervas ainda são capazes de preencher um ambiente com seus aromas e cores. Além da larga e benéfica utilidade na cozinha, ajudam a dar vida ao espaço mesmo quando não são usadas intencionalmente como elementos decorativos.
Salsa, cebolinha, manjericão, alecrim, cheiro verde… É sempre bom tê-las à mão na hora de cozinhar. Uma alternativa econômica e prazerosa é cultivá-las em casa mesmo; e esse “em casa” vale pra apartamento também. As hortas verticais são uma opção prática e bonita para quem tem espaços reduzidos. Mas, se você tem um quintal à disposição, pode investir em jardineiras ou jarros.

Horta vertical (Foto: Reprodução)

Em todo o caso, o sucesso de uma horta depende menos do espaço e muito mais do cuidado na montagem e na manutenção. “O importante é fazer uma boa drenagem. A melhor drenagem é feita com brita, depois, sobre ela, uma manta ou saco de estopa ou ráfia, e por cima a terra”, explica Givaldo Correia, proprietário de uma empresa de jardinagem com mais de vinte anos de experiência.
Segundo ele, para fazer e manter uma horta, além de disposição para cuidar de plantas, é preciso ter uma boa semente e um bom adubo, encontrados facilmente em lojas especializadas. “O húmus de minhoca é ótimo para as plantas”, afirma. O estrume de galinha ou gado também são boas opções, ainda que muita gente desgoste devido ao cheiro. Qualquer que seja a escolha, o importante é evitar os adubos químicos.
Foto: Clarissa Gomes

Givaldo ressalta ainda que é fundamental que a horta tenha acesso ao sol pelo máximo de tempo possível. As regas devem ser feitas uma vez ao dia, de preferência, segundo ele, até às 15h, evitando-se molhar à noite. “Molhe o suficiente apenas para umedecer a terra, sem deixar escorrer. Se molhar demais, você vai lavar o adubo presente na terra”, esclarece.
É por desconhecer essas particularidades que muita gente desiste da horta depois de algumas tentativas mal sucedidas. “As pessoas acabam desistindo por que querem trabalhar com a horta na sombra, mas a planta precisa do sol pra fazer a fotossíntese. Sem isso, aos poucos as folhas vão ficando finas, espaçadas e a planta vai definhar”, analisa Givaldo Correia.
Mas embora pareça complicado, cultivar seus próprios temperos tem um excelente custo benefício. Foi pensando nisso que a funcionária pública Ana Serra optou por uma pequena horta. Ela está de mudança para um apartamento, mas, antes mesmo de morar no novo local, já providenciou a horta. “Fiz questão de ter a horta por que, além de ficar bonito e funcionar como decoração, eu ainda tenho à mão as ervas que mais uso, em vez de ter que comprar e estragar o que não se usa. E tendo em casa é a única forma de ter certeza que não tem agrotóxico”, conta.
Horta da funcionária pública Ana Serra ocupa 1m² na parede da varanda

Na pequena varanda, fixados em uma estrutura de madeira de apenas 1m² feita pelo namorado, os vasos abrigam mudas de alecrim, tomilho, manjericão, cebolinha, cheiro verde e pimenta malagueta, além de plantinhas ornamentais. Pelo visto, Ana já chegou à mesma conclusão que o senhor Givaldo, que garante: “ter uma horta em casa é barato, é gostoso e é uma excelente terapia”.

Cultivo sustentável

O projeto “Hortas que Valem”, promovido pela ONG NAVE em uma comunidade do bairro Itaqui-Bacanga, em São Luís, parte do cultivo coletivo de hortas orgânicas para incentivar a alimentação saudável e ao mesmo tempo promover o empreendedorismo social e comunitário em uma área de altos índices de vulnerabilidade social. Em sua primeira fase, o projeto, desenvolvido em parceria com a Fundação Vale, permitiu a implantação de hortas comunitárias em canteiros coletivos. “Além das hortas coletivas, nós temos os quintais produtivos, com hortas caseiras feitas no quintal de moradores da comunidade. Eles receberam capacitação em agroecologia e hoje produzem tanto para subsistência quanto para venda”, explica Roberto Reis, coordenador do projeto.

Foto: Divulgação/NAVE

Iniciativas como esta, além de gerar impacto social positivo, ajudam a resgatar e incentivar a cultura de hortas orgânicas. “Até pouco tempo a agricultura de subsistência era muito mais comum, as pessoas cultivavam seus próprios alimentos. Hoje encontramos tudo nos mercados. A agroecologia busca o equilíbrio entre seres humanos, plantas e animais, partindo do princípio de que dentro de uma mesma área você pode produzir diferentes espécies, no que se diferencia do agronegócio”, avalia Roberto. Ele esclarece que “na agroecologia se faz a combinação de espécies consociadas, ou seja, uma espécie ajuda a outra, como acontece na natureza, onde você encontra diferentes tipos de espécies no mesmo espaço. Já o agronegócio planta uma única espécie numa área, favorecendo o empobrecimento e contaminação do solo, uma vez que é preciso buscar alternativas químicas para fazê-lo produzir. Então, as pessoas buscam um modo de vida mais saudável, mas estão consumindo veneno sem saber. Na agroecologia, se você precisa corrigir algum problema de solo, você usa o biofertilizante, que não prejudica a planta e a deixa mais saudável”.
Por meio de projetos desta natureza, a NAVE acredita que é possível gerar renda de modo sustentável, empoderar as comunidades, fortalecer vínculos. Uma prova de que ações com efeito de transformar a sociedade podem brotar de uma pequena semente, até mesmo de uma hortinha.

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