Marcas maranhenses buscam ampliar atuação e conquistar novos mercados

Empresários utilizam receitas de família e insumos em negócio lucrativo e ampliar a atuação para outras regiões

Reprodução

Sabor da Ilha (Foto: Karlos Geromy/ O Imparcial)

Marcas maranhenses apostam em insumos e produção local e aos poucos vão conquistando estados vizinhos, com jeito, criatividade e sabor, detalhes que se tornam cruciais para o sucesso do negócio.
Há 11 anos, as geleias Sabor da Ilha vêm conquistando o paladar dos maranhenses, principalmente de quem não tem hábito de comer o doce, mas são os turistas os que mais ficam encantados com a variedade do item.
Atualmente, a marca produz oito tipos diferentes, nos sabores: cupuaçu, bacuri, açaí, maçã com canela, gengibre, murici, buriti e o campeão de vendas, a geleia de pimenta.
A empresária Ana Paula Grolli é responsável pela marca, que surgiu após a mãe dela começar a produzir a geleia de pimenta. Com a procura de clientes, ela viu a oportunidade de ampliar o negócio.

Ana Paula Grolli é responsável pela marca Sabor da Ilha (Foto: Karlos Geromy/ O Imparcial)

“Tudo começou com a minha mãe. Ela produzia geleia de pimenta em casa e acabou tendo uma aceitação e procura. Antes, a marca tinha outro nome e nos mudamos, criamos uma cara turística e foi quando realmente começou a aceitação. Fomos explorando outros sabores que a minha mãe achava interessante, como maçã com canela, gengibre e, em seguida, começou a explorar as frutas regionais. Todas as receitas foram aprimoradas por ela, sempre buscando a melhor forma de fazer, resistência, textura, tempo de duração e qualidade”, explica Ana Paula.
Além da mudança de nome, a marca em 2017 se reposicionou no mercado ao lançar novo design, rótulo, e investiu nas redes sociais para interagir com os consumidores e promover os produtos. Atualmente, as geleias são comercializadas em aproximadamente 100 pontos, o principal é o Mercado das Tulhas, em seguida supermercados e empórios. Restaurantes especializados em sushis e hamburguerias também usam muito o produto em seus preparos. Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Pará e Salvador têm pequenos revendedores, clientes que vendem em lojas de suvenir.
“Estamos com uma parceria com o Sebrae e eles estão nos ajudando a buscar clientes que possam ajudar a ter um impacto maior no faturamento, como distribuidores e supermercados. Nosso diferencial são as frutas regionais, e o propulsor de tudo foi a geleia de pimenta, as pessoas falam que não encontram iguais. A qualidade e padrão são o que a gente prima”, pontua.
Biscoitos Zé Pereira (Foto: Karlos Geromy/ O Imparcial)

Foi também a partir de uma receita de família que a empresária Isabella Murad criou a marca de biscoitos Zé Pereira. O biscoito, que tem o mesmo nome da marca, é amanteigado com notas de canela, feito artesanalmente e de apresentação delicada. Antes de chegar às prateleiras de lojas, foi item desejado em casamentos e aniversários.
Isabella Murad criou a marca de biscoitos Zé Pereira (Foto: Karlos Geromy/ O Imparcial)

“Minha avó Tereza aprendeu a receita do Zé Pereira com as freiras do seu colégio, ainda muito nova. Como ela sempre amou culinária e tinha muito interesse sobre o assunto, com o passar do tempo, alterou a receita de acordo com o seu paladar. Desde então, o Biscoito Zé Pereira se tornou a receita especial da nossa família há três gerações. Amigos e conhecidos experimentavam o biscoito em nossas confraternizações familiares e não demorou muito para que todos também quisessem a iguaria nas suas festas”, diz Isabela.
Há quatro anos, o negócio foi ampliado e surgiu o Zé Pereira & Maria Amêndoa, em formato de quiosque em um shopping de São Luís. O espaço, além do biscoito do tipo tradicional e com sabor de chocolate, vende doces e bolos de vários tipos. Essa foi uma oportunidade de tornar o carro-chefe da marca ainda mais conhecido e fácil de ser adquirido, no pronto atendimento.
“Com a abertura do nosso quiosque, percebemos que deveríamos expandir a operação do biscoito que fazia tanto sucesso para todo o Brasil. Com isso, passamos um ano elaborando o projeto do Zé Pereira na Lata e, em agosto de 2016, começamos a vender esse novo formato primeiramente em São Luís”.
Com a execução do projeto na lata, cerca de 20 pontos entre supermercados e empórios vendem o produto em São Luís. Fora do estado, o produto maranhense já pode ser encontrado em cidades como: Teresina, Belém, Salvador, João Pessoa, Fortaleza, Aracaju, Brasília, São Paulo, Juiz de Fora, Rio de Janeiro, Niterói e Porto Alegre.
Fabricado em São Luís, a expansão de mercado faz com que, em média, 5.000 latas de Zé Pereira sejam vendidas mensalmente. E um novo sabor deve surgir no ano que vem, assim como já está sendo trabalhada a ideia de exportar o produto.
“O Zé Pereira é um produto que tem um valor sentimental pra mim muito forte. Primeiro porque é uma receita da minha avó e hoje estamos levando a receita dela para a casa de várias famílias em todo o Brasil. Esse sabor também será o gostinho da infância dessa nova geração e isso nos deixa muito feliz. Empreender não é uma tarefa fácil, mas, quando acreditamos muito em uma ideia ou produto, precisamos acreditar que vai dar certo e trabalhar muito para fazer a diferença”, enfatiza Murad.
EcoBrazil (Foto: Karlos Geromy/ O Imparcial)

Já Cássio Witt viu potencial em algo tradicional, encontrado em todo o estado, o coco babaçu. A ideia de aproveitar o melhor das palmeiras de babuçu foi uma maneira de preservar a atividade e as florestas da espécie.
“Há 10 anos, iniciamos um trabalho de produção de carvão de coco babaçu para indústria como produtores rurais. Enxergamos que a floresta do babaçu estava a cada dia ameaçada pela pecuária, queimadas e desmatamentos. No intuito de gerar negócios de valor para cadeia produtiva do babaçu e preservar a floresta e a atividade tão tradicional das quebradeiras de coco, começamos a pensar produtos com potencial para, ao mesmo tempo, atender ao mercado e gerar impactos positivos na floresta e na economia local, então surgiu a EcoBrazil”, enfatiza Cássio.
O coco babaçu é a base para a fabricação dos principais itens da marca, que são o azeite e óleo. A partir das cascas, é produzido o carvão ecológico e, do endocarpo do coco babaçu, o carvão para churrasco. Os produtos podem ser encontrados em aproximadamente 40 pontos da capital, mas o consumo ainda é considerado sutil, se for levada em consideração a expectativa de mercado da marca.
A EcoBrazil atua em parceria com cooperativas produtoras de óleo extravirgem, azeite, farinha de babaçu (mesocarpo) e sabonetes. Todos produzidos em cooperativas ou associações.
“A produção do óleo e azeite acontece no município de Alto Alegre do Pindaré, nas cooperativas Sabores de Arapapá, Boa Vista, Terra das Palmeiras e na cidade de Vitória do Mearim, na Cooperativa Sabor de Todo Dia. As quatro cooperativas produzem óleo e azeite, mas também trabalham com doces artesanais, hortas, artesanato e farinha. São negócios sociais e agroecológicos e podem contar com nosso apoio para crescer no mercado”, pontua.
O Maranhão é atualmente o maior consumidor dos itens fabricados, mas aos poucos outros estados estão conhecendo os produtos feitos a partir do babaçu, como Pará e São Paulo. E a possibilidade de enviar para o mercado internacional está no planejamento de expansão do negócio.
“Para exportação, são necessárias adaptações que já estão sendo pensadas e trabalhadas, como certificações orgânicas, rótulos e embalagens, mas é preciso principalmente fortalecer a cadeia produtiva para aumentar o volume de produção. Já temos prospecções direcionadas a Estados Unidos, Canadá e China. Para que em um futuro não distante possamos levar o nome do Maranhão e do Brasil e beneficiar toda cadeia produtiva”, conclui Witt.

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