Cozinha Ancestral: comida indígena e de terreiro

Projeto busca valorizar a cultura de povos tradicionais no Brasil através da culinária temática oferecida em eventos artísticos de São Luís

Reprodução

Comida tradicional indígena, feita com milho e peixe (Foto: Karlos Geromy/ O Imparcial)

Empada com cuxá, com queijo de búfala e jambu, miniabarás, feijoada, aluá – bebida de origem indígena, feita com a fermentação de grãos de milho moídos -, axé de fala – bebida feita com ervas, mel de cana, cachaça da terra e cravinhos-, entre outros preparos inspirados na culinária indígena e de povos afro-brasileiros, fizeram parte do cardápio da festa de aniversário do produtor cultural André Lobão no ano passado. Todas as receitas foram elaboradas pela culinarista Leila Oliveira.
Os preparos, além de memórias afetivas, despertaram novos sabores aos convidados. E foi a partir daí que surgiu a Cozinha Ancestral, projeto que busca a valorização da comida de terreiro e indígena, através de um ritual que apresenta novos hábitos e a disseminação de tradições.
O produtor cultural André Lobão, é dos fundadores do projeto Cozinha Ancestral

“Eu e a Leila temos uma relação não só de amizade, mas religiosa, porque somos iniciados no candomblé, somos irmãos de santo. Nós fizemos um cardápio baseado em algumas tradições culinárias dessas influências que temos no Brasil. A ideia foi homenagear a alma brasileira. Então, pegamos algumas coisas da influência indígena e africana. Este ano, no primeiro semestre, levamos as comidas para a inauguração do Chão SLZ – espaço de artes visuais no Centro Histórico –, montamos um cardápio com coxinha de pato com tucupi, empada de cuxá, bolinho de piracui – farinha típica do Pará- axé de fala, aluá e mais algumas comidas nesse sentido e culminou que a impresna estava lá e a gente começou a falar da cozinha”, explica André Lobão.
Leila é paraense e está em São Luís há seis anos, gostou de cozinhar desde criança e os pratos que elabora são diversos, todos com dedicação, assim como as receitas preparadas para o aniversário de Lobão. “Queríamos mostrar a possibilidade de fazer outras coisas na cozinha. Foi uma surpresa quando os convidados gostaram. A nossa ideia é mostrar o que a cozinha de terreiro tem como cultural e não um negócio. Mostrar o que a cultura africana e indígena pode te dar”, enfatiza Leila.
C ulinarista Leila Oliveira (Foto: Karlos Geromy/ O Imparcial)

A partir da criação, o projeto começou a fazer parte de eventos culturais, como a mostra de cinema Maranhão na Tela, Festival ELAS e recentemente da 12ª Aldeia Sesc Guajajara de Artes com o Banquete no Chão, que une experiências culinárias através de ritual e apresentações artísticas. Segundo os idealizadores, a intenção não é tornar o projeto em negócio gastronômico, mas em experiência cultural e tornar isso muito mais amplo através de pesquisas.
“Existe uma manifestação cultural e ela parte de uma linguagem. Agora estamos construindo um projeto que visa pesquisar a culinária tradicional presente na festa do Cauim do povo Ka’apor, na terra indígena do Alto do Turiaçu no Maranhão. A partir do momento que formos contemplados, vamos fazer uma pesquisa dentro de aldeia sobre a tradição culinária e disso vai sair uma intervenção cultural ligando, alimento, tradição, costumes e mitos”, pontua Lobão.

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